sábado, 23 de maio de 2009

Lágrimas de Crocodilo


Não sou insensível. Sinto de uma forma diferente.
Não sou expectável. Sorrio e choro ao mesmo tempo.

Porque é que tentam decifrar o sentimento pela quantidade de lágrimas que choramos?
Porque que é pensam chegar cá dentro, quando nós próprios não chegamos?

Por vezes, um sorriso cria uma barreira protectora.
A felicidade como o crocodilo, por vezes, também chora.


Se as lágrimas nos libertam, quem me dera a mim chorar,
Deixar de sentir o seu peso, vencer esta apatia
Que, de uma forma seca...me afoga!!!

Largar esta pele, rija e fria,
Concordar que "noite é noite, e dia é dia",
Quebrar o conflito entre a alegria e a dor.
Mostrar-me para os outros mais simples,
Sentir-me por dentro uma pessoa melhor!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Every second counts




Detive-me sobre a ideia de escrever acerca de um filme que vi esta semana, e que já há algum tempo andava para ver, Cashback, do realizador Sean Ellis: um tema leve mas com substância.
Através dos olhos de um estudante de belas artes, cujo desgosto amoroso lhe rouba a capacidade de dormir, e que resolve candidatar-se ao turno da noite num supermercado local, entramos num mundo plástico de contornos e cores definidas, que o protagonista molda, através da solidificação do tempo, em quadros vivos e sensuais.
Um mundo despido de preconceitos, com nus artísticos reveladores do magnetismo exercido pelo corpo feminino, símbolo ele próprio da criação. E uma atracção/perseguição de imagens perfeitas, ciente que a perfeição não se regula por medidas especiais, mas que se encontra no pormenor das imagens mais simples diárias, desde que se preste a devida atenção.
Podem ocorrer a qualquer altura, estes momentos de clarivisão.
Não podemos prendê-los com a mesma facilidade com que o filme prolonga a frame no ecrã, mas podemos recriá-los na mente, juntar-lhes valor.
Every second counts”. Resume tanta coisa.
E cada um com o seu peso: alguns com pouco, outros que exercem uma força esmagadora sobre a linha da vida, desviando-a do seu curso rectilíneo aparentemente normal. São esses segundos que impulsionam, botam para a frente, são movimento e não deixam o nosso relógio parar.
O que é que vais fazer com os teus?
Será que os consegues controlar?
TIC TAC TIC...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Viagem

Sentes a minha mão?
Está fria.
Não a sentes?
Sentes a minha mão?
Nem eu.
De tão fria que ela está.
Olha como fica roxa!
É uma cor bonita, não é?
Não?
Achas que não?!
Eu achava...
Acho.
Sim. Acho que sim.
Bolas. Está a ficar escuro.
Onde é que foste?
Já não te vejo.
Nem vejo a mão!
Já não te sinto.
Sinto-me estranha.
Sinto-me…
Para onde é que foste?
Porque é que não esperaste??
Eu sinto-me leve. A flutuar.
Lembras-te daquela vez que fumámos…
Parecia um aquário.
Parecia...
Onde é que estás?!
Para onde é que foste?!
Eu estou tão longe.
Tão leve. Tão…
Não.
Já não é isso.
Qual era a cor?
Eu já não sinto.
Já não me sinto da mesma maneira.
Que felicidade!!!!!!
Eu já não sinto!
Não sinto!
Só felicidade!!!
Lembro-me de ti, do J., da A., do L…
Mas não tenho mais saudades.

Momentos IV



Ice dance - Danny Elfmann, from the film "Edward Scissorhands" - Tim Burton, 1990

terça-feira, 5 de maio de 2009

Don't worry baby

Porque hoje o meu mundo deu uma volta, daquelas em que o estômago e o coração parecem saltar...Porque a vida é feita de laços e rupturas, e não podemos fazer nada para o evitar...
Aquilo que perdi hoje, só me vai dar forças para procurar no futuro algo melhor.
E o melhor existe!
Nós é que temos uma capacidade estúpida para só alcançar a curta visão. Acomodamo-nos na ideia do que há de pior, e seguramo-nos com força à posição de conforto comodista a que nos habituámos. Sem querer, criamos uma relação sentimental com esse lugar, com as pessoas que o habitam, e afastamo-nos cada vez mais da nossa natureza nómada, inconformista...perdemos alcance...a visão global do mundo incógnito à nossa espera!
Porque hoje perdi o meu emprego mas ganhei uma nova liberdade...
A liberdade de poder escolher ser quem sou, de me descobrir na aventura de outros lugares, de perceber que os amigos não se procuram num mesmo espaço, mas podemos sempre encontrá-los nos intervalos entre a distância.
Hoje esta música é para mim.