terça-feira, 31 de março de 2009

Momentos III



"Moon River" - Henry Manciny, from the film "Breakfast at Tiffany's" - Blake Edwards (1961), sang by Audrey Hepburn
Hesitei.
Mas quando não se tem mais nada para dizer do que um grito sonoro, vindo do fundo de um remoinho de pânico, que nos engole, sedento de almas frágeis, que perdem ao jogo do tempo...
E quando nos abrigamos, cobardes, no hipnotismo de uma cena que revemos mais de dez vezes ao dia... Como se ao revê-la pudéssemos criar um refúgio à parte da nossa mente agitada, com tanto que vê por fazer...
Parece-me que essa cena marca mais um Momento. Que deve ser ultrapassado, para que possa arregaçar mangas e continuar a trabalhar.
O tempo ainda não me venceu.
E os momentos, devem estar lá para ser recordados, não para nos aprisionarem a nós, como desculpa, para desistirmos de completar as coisas que fazem sentido.
Entrego-o por isso no próximo post, um pouco antes do previsto, mas tão presente que não o posso ignorar.
Talvez assim me liberte da sua beleza simples, quase perfeita, para seguir em frente e tomar finalmente conta do meu próprio futuro enquanto é hora...Um momento Hepburn, sem dúvida.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Momentos II



From the film "Dead Poets Society" - Peter Weir, 1989

sábado, 21 de março de 2009

Oh lala! Le Printemps est'arrive!!




Estava eu na Primavera da vida, menina sorridente e colorida, vestia um pijama cor de rosa, com uma frase que não conseguia entender "Oh lala! Le Printemps est'arrive!":
- Mãmã o que é que quer dizer??
- Quer dizer que a Primavera já chegou.
E eu sorria, sem saber porquê. A simples audição destas palavras transmitia uma boa sensação.
A Primavera é a estação da esperança, da fertilidade, do crescimento...a melhor estação da vida!! Depois vivemos o Verão da adolescência, amadurecemos, atingimos o nosso ponto ideal já em adultos, até que o tempo assume o seu controlo, e começamos lentamente a regressão para voltarmos à terra, transitando pelas duas estações finais. Não deixam de ser estações belíssimas, o Outono e o Inverno, mas de uma forma distinta, pintados em tons mais secos e sombrios, em que estamos cientes de todo um ciclo, com memória de uma fantasia mais objectiva.
Dia 21 de Março, primeiro dia da Primavera (e da Poesia também), sentia-se uma brisa gelada...mas não passou ao lado:

From you have I been absent in the spring
When proud-pied April, dress’d in all his trim,
Hath put a spirit of youth in every thing,
That heavy Saturn laugh’d and leap’d with him.
Yet nor the lays of birds, nor the sweet smell
Of different flowers in odour and in hue,
Could make me any summer’s story tell,
Or from their proud lap pluck them where they grew:
Nor did I wonder at the lily’s white,
Nor praise the deep vermilion in the rose;
They were but sweet, but figures of delight,
Drawn after you, you pattern of all those.
Yet seem’d it winter still, and you away,
As with your shadow I with these did play.


Shakespeare, 1609

terça-feira, 17 de março de 2009

Olha, olha...VAI MAS É FAZER A TESE!!!!!!!!!

"Love YOU Tender", MY PIANO



Mais de 500 objectos pessoais do cantor Elvis Presley vão ser leiloados na Internet, em gottahaverockandroll.com.
Só queria um! Aquele da foto!!!
Grande! Majestoso!! Imponente!! Com tanta história!!!
A licitação, ao que parece, começa nos 500 mil dólares (cerca de 385 mil euros).
Porque não?
Talvez peça algum dinheiro emprestado à Rainha Rania da Jordânia, aproveitando a sua passagem por Portugal.
Ou um parecido!
Que provoque o mesmo efeito, que a imagem recordou…

Piano, de teclas pesadas e sensíveis, transportam consigo em grandes escalas, sentimentos graves ou agudos, a alta ou média voz
Teclas brancas e pretas alinhadas, resumem a vida de uma assentada, formando acordes de cores intensas, que abrem o peito como garras, reclamam o toque dos dedos que as marcam, com a sua impressão
Soltem-se os espíritos, melodias endiabradas, das madeiras perfumadas, do corajoso que se entrega, a sua alma já vai solta, quando o corpo se concentra, absorto, de outro mundo mais real


Saudades!!! Medo de esquecer o que aprendi!! Não quero aprender mais...Trata-se agora de uma nova descoberta, metódica, mas sem pressões. Livre para me relacionar com o objecto de uma forma mais inteira e pessoal.

terça-feira, 3 de março de 2009

Happiness com "I" e não com "Y"



“The Pursuit of HappYness” (2006), filme de Gabriele Muccino, que só ontem tive oportunidade de ver, não podia estar mais perto de tantos dramas reais que conhecemos actualmente no nosso País, como da fase que eu mesma atravesso.
Não estou deprimida.
Às vezes.
Sinceramente não! Não desisti da felicidade.
Identifico aqueles sentimentos confusos, e uma ansiedade desmedida que me aperta o peito e pressiona para fazer as escolhas acertadas, numa altura em que parecem poder decidir qual o futuro...omnipresentes e omnipotentes.
No fundo não acredito nisso.
O que é feito do cosmos?!
O filme é baseado na história verídica de Chris Gardner, desempregado aos trinta anos de idade e que vivia com o filho numa casa-de-banho publica de São Francisco, até ao dia que decidiu ser corrector de bolsa. Esforçou-se, por meio de estágios e pequenos empregos, e aos poucos criou a sua própria empresa de
especulação financeira e investimentos, enriquecendo.
Tendo sido apontado como previsível, lamechas, e de revitalizar o modelo de fábula social sobre o "Sonho Americano" à maneira clássica de Frank Capra, “The Pursuit of HappYness” na minha opinião diz muito mais do que isso.
O filme reanima a perseguição dos sonhos, a perseverança séria, o acreditarmos em nós próprios, e munirmo-nos da nossa força interior, quando todas as outras forças se reúnem contra nós.
E muito embora sejam lemas conhecidos, a roçar sonhos idealísticos em que, tal como no filme, tudo acaba bem, quando na realidade a desilusão é por vezes quem ganha, é no pormenor dos seus diálogos que o filme se mostra realmente sábio, jogando com uma simplicidade credível. E a ver.
“The Pursuit of HappYness” não é mágico, nem extraordinário, admito, mas já há algum tempo que aprendi que o futuro não deve ser sobrevalorizado pois, se com a mente nos esforçarmos por ver um presente melhor, ainda que partindo de um cenário negro, pode ser que as cores realmente apareçam, e os dinossauros deixem finalmente de meter medo (just for watchers).
Will Smith, no papel de Gardner, cita no filme Thomas Jefferson na Declaração da Independência: “him saying that we have the right to life, liberty, and the pursuit of happiness. And I thought about how he knew to put the 'pursuit' in there, like no one can actually have happiness. We can only pursue it.” Pois eu acredito nela!
Não como algo constante. Mas como uma camada de lava, que por vezes está adormecida, submersa...não a vemos, mas não deixa de estar presente, mesmo nas piores alturas se conseguirmos sentir o seu calor. E quando finalmente a deixamos emergir, brota numa erupção incandescente, cheia de cor, escorrendo lágrimas de felicidade! “Happiness com "I" e não com "Y".”