quinta-feira, 31 de maio de 2007

Hoje não fumo, amanhã talvez...



"Skull of skeleton with burning cigarette", Van Gogh

Sou uma fumadora volúvel. O estado de espírito ou a ocasião definem a quantidade de beatas largadas no cinzeiro. Um amontoado de “pregos” ou, na sua ausência, o brilho do vidro sobre o tampo da mesa, são duas possibilidades, cuja probabilidade é semelhante.

Como muitos, iniciei-me nesta prática quando era mais nova. O que começou por ser um acto social ganhou vício, “estupidamente”. Foi assim que o definiu o meu pai, quando achei que estava na altura de assumir o meu segredo. Um acto estúpido que também ele cometera com a minha idade, e porque lho contava se o problema era meu. Por esta não esperava! Onde estão os berros, o castigo? Foi o que mais pesou.

Quando somos miúdos parece uma brincadeira, “a chave do nosso clube secreto” moldada numa vontade excessiva de crescer. Mas ao abrir mão do nosso segredo, num apossado “eu fumo!”, a carga de tudo o que nos preveniram cai sobre nós. “Fumas? És estúpida!”...

…Mas, porquê? Se fumar me estimula, reduz a agressividade, o apetite e me relaxa quando estou nervosa?

Há quem diga que provoca problemas respiratórios, que pode causar cancro…e mais uma infinidade de riscos que não vale a pena enumerar, pois todos conhecem (??).

Bolas! Não bastava o mau hálito ou os dentes amarelos? São fortes dissuasores para qualquer jovem e castigo suficiente por partilhar o fumo com pulmões alheios em sítios públicos, certo? Errado.

Ok é verdade! Fumar queima mesmo os neurónios…o meu pai tem razão!

Mas também, se os parâmetros da Lei do Tabaco se mantiverem, aconselho todos os fumadores a mudarem para as drogas ilícitas, como forma de transição para o “não fumador”. É que as multas inicialmente previstas para quem for apanhado com um cigarro acesso num local proibido (entre 50 a mil euros) são o dobro das calculadas para o consumo de drogas (25 a 403 euros).

Ao que parece o CDS-PP já conseguiu alertar para o facto. Hoje, Dia Mundial Sem Tabaco, o PS recua e defende a redução do valor das multas da nova Lei. Enquanto aguardamos o resultado deste acordo, talvez devêssemos olhar para o preço de cada maço de tabaco.

Porquê esperar pelas multas se o dinheiro que gastamos a prejudicar-nos lembra-me outro motivo bastante viável para deixar...

Não é fácil! Andei a pesquisar e o síndrome da abstinência (sim, existe!) traduz-se por: intranquilidade ou excitação, aumento da tosse e da expectoração, impaciência, irritabilidade, depressão, ansiedade e agressividade, má disposição, dificuldade de concentração, aumento do apetite e diminuição da frequência cardíaca.

Ainda bem que já existe o “e-cigarette”, um cigarro electrónico que deita vapor e tudo! Creio que funciona do mesmo modo que as pastilhas ou os adesivos mas, além de mais moderno, permite-nos continuar com o cigarro na mão por muito mais tempo.

Hoje não fumo! Amanhã…logo se vê! Sou estúpida, eu sei, mas é mais forte, por enquanto.

terça-feira, 22 de maio de 2007

A minha desculpa...


Sem cadeado. A exposição global das ideias, dos sentimentos, das opiniões...ao alcance de todos e à espera de respostas!

Se não o esperasse porquê partilhá-lo?

Não tenciono mover mundos, mas se alguém mudar ligeiramente de expressão ao ler o que escrevo já provoquei um qualquer efeito. Um sorriso, uma lágrima, um sinal de concordância ou até de indiferença...já prestaram atenção.

Não é na verdade o que secretamente desejaram todos os que, nalgum momento das suas vidas, desabafaram com as páginas de um diário ou com qualquer pedaço de papel rasgado?

Um pouco de atenção. Apesar de, em parte, ser o próprio a atribui-la no seu ponto de reflexão. Por vezes basta.

A atenção que esperamos sobre as coisas que consideramos relevantes já é inicialmente conseguida ao escrevê-las numa página. Como se as perpetuássemos para que, nalgum momento, pudessem tornar a ser reflectidas. Ainda que por nós mesmos.

Podíamos deixá-las no nosso "intimo?" (e algumas não passam desse "lugar"), mas nem sempre o fazemos porque, mais do que um direito, sentimos necessidade de expressá-las.

Sendo o porquê discutível é algo que nos é inato, e vou usá-lo como desculpa para escrever o meu blogue. Sem cadeado! À disposição de quem tem espaço para mais algumas frases inúteis da blogosfera.