domingo, 11 de julho de 2010

Pelo ser e pelo ver. Pelo sentir e o viver.



Estou apaixonada.
Se apaixonada era o que não queria estar.
Dói-me no peito, aperta-me o estômago,
Sinto o mundo às voltas…
Apetece-me vomitar.

Mas quando o álcool percorre o corpo, não passa do gosto forte à liberdade? Perdemos o ponto de equilíbrio, quando descobrimos inebriada a felicidade.

Somos mais nós quando não somos, explodimos em vómito as incompreensões da alma indecifrável...como nos copos chineses, vemos clara a imagem, ausente na sobriedade cínica da água potável.
…sem sabor ou cheiro próprio.

A ressaca leva-nos o sonho, mas voltamos sempre a outro copo, procurando no fundo a resposta do sentimento.
E o que descobrimos lá dentro?
Um ser confuso, atormentado...Toda a nossa alma dentro do vidro.
Um ser diferente, um ser despido.

Estou apaixonada pela complexidade do descomplexo. Pelo que me mostra o meu reflexo, num mundo grande demais para ser todo. Desenhado numa bola de entendimento fácil...
Mapa do tesouro escondido.
Existe algures, por detrás do lodo…
Do que se quer, do pretendido.

Somos mais do que o que queremos. Do que as nossas mãos tentam fechar. Somos, fomos…sempre seremos…
...impulso cego…
Vultos sedentos no meio de um bar.

(Estou apaixonada.
Não queria estar.)

Os lábios molham-se, o coração embriagado entrega-se ao vício das lágrimas de líquido salgado…caiem sobre o copo quase entornado. Beijam-se as bordas...depois um golo desesperado.
Vou vomitar…está quase quase…
Mas amanhã devo voltar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Se eu soubesse ser quem sou




Se eu soubesse ser quem sou
Não escrevia tanta rima acabada em “ão”

Desde que não escrevo o meu mundo parou.
Suspenso sobre mil correntes de trajectórias...
No centro delas, um abismo força a queda para o absorto.
Sei exactamente onde estou.
E onde estou, estou completamente perdida de mim.
Sou um corpo sem energia.
Um pedaço de matéria esvaziado de sentido ou de razão.
Estou ausente.
Mas pairo aqui.
Fechada para férias…
Sem calor. E sem paixão.
Passa-se tanta coisa.
Passam por mim, como uma tempestade ou turbilhão.
Viram-me do avesso...
Deixam-me assim.
Pernas para o ar. Coração no chão.
Mas aterro sempre no mesmo sítio.
Desabitado. Vazio...
O da não-localização.
Quero um gps do ser humano.
Uma cirurgia, que descubra a minha reacção.
Se ainda tenho querer, quero um impulso.
Um choque eléctrico!
Algo que me ligue à vida.
Me reanime.
Me leve na corrente, ao universo da decisão.