quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Vícios sérios


Estou víciada numa série. Depois de outras, esta especialmente surpreendeu-me.
Californication é uma série que explora, de forma mais ou menos abusada, os laços da carne, mas também, a meu ver, os laços da alma, nas páginas escritas de um livro, escrito ao ritmo alucinante e quente da Califórnia, e tendo David Duchovny (antigo Xfile) no lugar do protagonista.

Porque é que uma série como esta me vícia, de querer ver os episódios todos, todas as noites, noites e noites seguidas sem parar? Intrigou-me!

Uma série que se enquadra perfeita nos preconceitos da promiscuidade, da crueza das imagens, da luxúria, e cujo “sexo”, formal ou informal, é um dos temas principais...como não me aborrece?

De onde vem este interesse, que numa qualquer semelhante conversa entre rapazes gabarolas, das suas trapezias mais imaginativas que reais, me entediaria à primeira frase?

São naturalizadas na série todas as práticas sexuais, de tal forma, que sem querer o olho se habitua, após “comédializar” as situações que mais se distanciam da nossa rotina frequente. Mas não de uma forma irritante e imatura. De uma forma genuína e seminal, que volta a colocar-nos numa linha da exploração animalesca dos nossos mais íntimos desejos carnais.

Ao mesmo tempo que chocam, estas imagens naturalizam-se pois, após as primeiras impressões da série, começamos a colher nas veias do enredo a corrente de outras características mais “espirituais”, apresentadas a partir das personagens da história, e que nos acrescentam a nós, como seres humanos, uma essência mais profunda.

Descobrimos que pode coexistir, no mesmo ser, um lado primitivo e bestial, com um outro lado mais sensível e complexo. E sentimo-nos bem com isso. Sem falsos moralismos ou quaisquer moralismos sequer.

E cresce assim, progressivamente, um vício de espiar os vícios dos outros, como se fossem os nossos, ainda que os não alimentemos como um vício completo, na vida real… pois que neste mundo falta-nos uma porta totalmente aberta.

Se alguma vez os vamos personalizar desta forma tão excessiva? Não sei responder ao certo…

Teremos outros vícios, mais comedidos talvez, em que “o medo” se forma, na verdade, o maior deles todos! O medo de viver com o vício, aprisionados na sua teia; de sermos descobertos, como sendo viciados em uma qualquer coisa; ou até o medo de viver sem o vício em si.

Os vícios formam, pois, rotinas difíceis de quebrar. Como é certa esta necessidade que sinto em visionar todos os episódios que já foram produzidos, noites seguidas a fim.

A última questão que deixo é, então, até onde vai a sanidade quando consumimos com um apetite voraz o objecto que nos irá ele próprio acabar por devorar?

Existirá um equilíbrio possível?

Há vícios que se querem. E outros que mesmo assim preferimos não saber…

Um comentário:

Marlene G. disse...

tavas com insonias amiga? lol
axo q ja vi um ou outro episodio e ate achei piada :))

como podes ver pleo meu bloga minha panca é outra lol